05 December, 2006,3:16 PM
Chuva de Outono



Os vidros estão ofuscados e não se vê nada lá fora
Somente a chuva tomba sobre as terras que ficam aguadas
Espreito por de entre os cortinados e aguardo pela hora
Em que enlamearás o soalho com as tuas botas molhadas

As candeias estão acesas para iluminar a tua chegada
Duas garrafas de azeite já luziram para que não tenhas medo
As luzes da tempestade encandeiam o teu caminho
Para que não te percas e tornes a casa cedo

As labaredas da lareira resplandecem e o fumo é intenso
A ceia está acabada e estimula o olfacto
A mesa está pronta e já te espera o prato
Não me consigo sossegar e é só em ti que penso

As brasas já estão cansadas
E a comida já esfriou
Não ouvi as tuas pegadas
Será que já chegou?

Mas a mesa está vazia e a madeira ainda cheira a nova
A noite está calma e seca, nada de confusão
Das janelas só se avista automóveis e edifícios
Para onde foram as carroças e os prados?
Para onde foste tu, por quem esperei durante a escuridão?

Deito-me no sofá e as lágrimas são minhas companheiras
Dizem-me que não sabem quem és…eu sorrio
E digo que não te vêem porque só eu te consigo ver
E que por ti vou esperar mesmo depois de morrer


By: Dre
 
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