

Sei que não sou mais que uma das mais pequenas estrelas que reluzem no céu
Sou algo que não gostava de ser mas o sou além do meu querer
Talvez um dia uma porta se abrirá onde tudo à minha frente brilhará e sorrirei
Hoje sinto-me como um nada que nada fez para ser este nada que nada tem
E quando tudo me parece sombras nem tenho a quem me aprisionar, a quem acorrentar e não mais libertar
Tentativas de chegar a mim, de me fortificar que só me sepultam neste sentimento lunar
Sinto-me pesado com o vazio que carrego no coração, um peso que me consome de tamanha ilusão
Quero que me arrasem de sensação, que me levem para longe da solidão, para o além
Arrasto-me levando comigo o nada que me carrega, e já sinto a terra a arrebatar-me a pele
As minhas pernas fervilham à medida que as chamas devastam esta matéria inútil
E os meus pulmões engasgam-se nas lágrimas salgadas que os condimenta sem piedade
É o aclarar da alma, é o lavar do corpo, é o altear do morto, é a purificação do nada!